sexta-feira, 24 de julho de 2009

política da boa vizinhança




conhece o novo morador do prédio de cima?euheim.Sujeito estranho de gostos...grotescos!Sim,malícia,malícia no saudar até.Pra cumprimentar é um tal de piscadela com a direita!(a figura pisca o olho direito de forma risível)*Mordiscadas nos lábios,tosse fingida.Ele finge aquela tosse ali,negona...Olha.Eu.Eu vinha,vinha vindo distraída que só,preocupada sei lá,com o passeio que eu ia dar amanhã lá por perto da casa do Glauco,quando...minha sobrinha você não vai acreditar.(não sou sua sobrinha,esta égua deve estar me confundindo.)*O homem me sai pra porta,escora assim o abdômem na parede.Um largo abdômen por sinal.E boce...(ela começa a apurar a audição com cautela)* Ó,ó.Aprecia só o mamute gemendo.(foi isso pra subir gelado algo por dentro da minha espinha,que eu suspeitava que era merda pralém do biológico.Assumi rápidamente a postura que assumem aqueles adoráveis frangos de padaria.A babá nordestina mete então a orelha na parede compondo a sua intenção de convidar minha atenção para o impressionante ruído que ainda reverberava em mim e agora treme as paredes.)*É um boi.Um dinossauro como daqueles antigos.Daqueles que só sobraram os ossos e nem as histórias.As histórias tivemos que inventar depois!Hahahahahaha...Rayara,que horas tem?(Rayara?)*(silêncio)*(como ela advinhou o meu nome de verdade?O que será que ela...?roendo unha,pergunto?)
rayara?Como, jovem?A senhora acabou de falar o nom...O que?Eu?Falei o que?Falei...Rayara?ô NOME,heim!!!!!hahahhahahaputamerdahahahahah.
ixe,putz grilla!
Vige,
mas é bom se divertir na desgraça do outros,né não?
Minha criança mermo.(ela mete a minha mão em sua pança cicatrizada de parideira)Se for mulher vai se chamar Djanine.Acha bonito?Se for homem:Djalma!!
Eu sou um pessoa que eu sei o valor de uma idéia.Não deu certo?Insiste.Até nego engolir,não e não minha filha?...negócio de mudar de idéia é coisa de traveco...sim!Me lembrei.Foi isso que o vizinhozilla lá de baixo falou, que me fez sentir tanto asco dele.(gestos mal escolhidos e mal programados,se este é o estado normal desta mulher,não desejo vê-la drogada.)*Mudar de idéia é coisa de traveco.Dona Miriamzinha, (o que?!)*como eu disse para a senhora eu sou uma pessoa que dá muito valor as idéias.(Miriam era o nome da minha mãe.)*Se para um sujeito desse, mencionar...travestis...com essa facilidade/banalidade é corriqueiro.É exemplar,é metaforizável...então bem....Isso pressupõe que ele tem alguma experiência no metiê!(estou inquieta.Tudo da atmosfera deste lugar que falava comigo no íntimo,agora está berrando.)
-agora,que horas tem?
são,deixa eu ver.Arf.MuitaLoisa pra lazer!
Néiaa!abrindo os braços ruborizada.Néia!Néinha!Minha babá do jardim até a sétima série.Cuidou de mim com tanto carinho.Sou eu Rayara,filha da dona Miriam.Você me chamava de Dona Miriamzinha muitas vezes que preferia fingir ter esquecido como eu me chamo.Pois eu mudei o meu nome.Me chamo Indiana.Como daqueles filmes que eu gostava de ver na sessão da tarde.Eu queria botar o Jones no final,mas existem leis pra essas coisas e os alteradores de nome do cartório não permitiram.Um bando de sem cultura.Mas eles que se danem,estamos juntas novamente Néia!

(a vagabunda sorriu como sorri o frajola quando agarra todos os dedos ao redor do piu-piu.Atrás de mim o vizinho gordo estalava todos os dedos)*


Eu não sou a Néia,Indiana.
Mas você vem conosco.(ele mete o suvaco na minha cara me derrubando no chão como um pacote.)*ler o seu diário valeu muito a pena.Você descreve muito bem os personagens com detalhes bastante peculiares,ajuda muito o trabalho de uma atriz...(cada um puxa uma cópia do meu diário e fazem uma leitura em voz alta inspirada.Eu estou devidamente amarrada e amordaçada pelo balofo.)*Maravilhosa essa Dona Néia,nordestina,um pouco perturbada.Você diz no quinto capitulo,onde você a descreve com muito cuidado:Pergunta sempre as horas,constatemente e é avoada.Apliquei esmero nisso...e mesmo assim,você só se entregou diante do plano c que era o mais popularesco ,você me desculpe.O bordão da personagem.O que ela sempre dizia : Muita Loisa pra lazer!Tive que apelar.Mas a atuação na espionagem não é uma questão de originalidade ou bom gosto e sim eficácia.Concorda comigo Belmiro?

(o monstro me coloca sobre os ombros,puxa de um dos bolsos do terno um Magnum e desce a escada comigo pendurada.Ele chupa o magnum.É o meu fim?)*


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Boa noite Azerbaijão.Reflexões de um Ilusionista Carioca/momento conclusivo.


...arrumaria uma forma do Orlando(dono do circo) me permitir usar o truque das espadas.Truque que ele tanto teme por ter sido o causador da morte de seu pai em uma apresentação no Maranhão.O pai dele era um amador.Eu não,eu tenho a sensibilidade necessária,sei prever quando vai dar merda melhor que um balão meteorológico!
A noite tem um clima meio escroto na sua terra natal depois de dois anos viajando pelo continente,vendo todo tipo de merda.Repetindo os mesmos gestos maquinalmente: botando coelho,pedindo relógios,cerrando mulheres,explodindo pombos,escolhendo pessoas da platéia para tirar as cartas e morrer de vergonha do cheiro de uísque teatcher's que exala o meu dois de paus...arf!
Entre bêbados que falam e bebadas que gemem,me encontro na porta do Azerbaijão onde Julius me recebe com um confortável aperto de mão e a porra de sua pose costumeira.Que ele adquiriu em nosso segundo ano de Tablado e que só fez ficar mais ereta,nojenta e intelectualizada depois que passou a frequentar a faculdade e "apoiar as minhas decisões" como dizia ele em relação a trupe e ao circo.Me olha de pé a testa como quem pensa qualquer porra e não diz nada até entrarmos na boite.
Sou revistado,o segurança passa o relógio no meu saco; era vagabundo porque se fosse prata de verdade, mesmo com o meu escroto eu reconheceria...
O d.j escolhia só as mais animadas.De Rihana pra Beyoncé,de Beyoncé pra Chris Brown.Vídeos exóticos sobrepunham imagens na parede,porém como sempre o Azerbaijão estava às moscas.
-essa merda deve ser dinheiro lavado.
como só eu e Július vamos lá fui conduzido a esta reflexão...
Julius pede um drink,a porra da bebida tem uma aparência tão festiva que deixa a ambos muito constrangidos.Eu vou com Jack Daniel's (dia de pagamento, neném!!!),nos sentamos e tudo faz sentido.
-Barbosa morreu.
-Monique morreu.
-Mais uísque!
-Boa música!
-Uma merda!
-Quem é mesmo Monique?
-Sei lá...morreu.
- Mais uísque!
É Botafogo e nós nem notamos.
Uma mulher continua sentada em um sofá desde que chegamos com cara de tédio.Bem tarde,um pessoal um tanto "hype-indie-estaçãobotafogo-allstar-eu também sou napoleão" começa a entrar.Meus nervos contraem.Julius não para de falar: já foi cinema brasileiro,já foi música,já foi meus pais mortos e eu sendo um irmão pra ele...havia esquecido o trabalho que dava beber com Julius.Abraços,beijos na testa e o momento das lágrimas...esse filho da puta não me solta...até que resolve tirar a entediada para dançar.O d.j sorri maliciosamente e põe um som rápido,fazendo com que Julius se esforçe com a mocinha.Oras!O cara é famoso,ele pode errar.Talvez nem tanto.Pobre Julius.
Me sento na mesa,há um rapaz que mais parece uma mulher me encarando,eu não peido de olhar...odeio esses indies e seus allstares...odeio tudo.
Julius quase cai.(disso eu até gosto)

Abre-se lentamente a porta do Azerbaijão e Ela entra.Ainda tão altiva e risonha como há cinco anos atrás,e logo em seguida como um escravo o seu namorado de um metro e meio(meio é bondade) que tem tanta personalidade quanto uma peça de dama.
Um sujeito que dançava animadinho derrubou o meu copo no chão,ao fitá-lo com profundidade subjetiva ele perde o equilíbrio,me paga outra dose e também mais uma do drink festivo pro Julius que parecia não necessitar,dançando rumba com a mesma mulher.(o d.j já não se divertia mais tanto.) Julius mandava bem na rumba.O cara era famoso...Me recordo de belas tiradas do Barbosão e dou outra bicada em um novo canto que eu arrumei pra encostar.Ela me vê e sente medo,o capacho vem logo atrás e já me conheçe...ela ainda não vem falar comigo.
(parar de beber nem tão cedo)
- O Azerbaijão está mesmo famoso.(eu penso alto,fazendo com que o barman que me atendia não queira continuar seu serviço e apenas venda uma Smirnoff Ice a uma bela jovem.)
Julius beija a menina!O D.j larga o seu posto!
...uma furtiva lágrima parece escorregar de seu rosto.
ela vem com coragem e capacho -Senti muitas saudades!Você falou que ia escrever!E o meu beijo???
Meus olhos se abaixaram antes que eu ordenasse que eles fizessem isso.(jack daniels dava as ordens)lá por perto do chão eu avisto o tal lacaio nanico imundo dos infernos que ela namor...é noiva!
Sorrio miúdo.
- Vai pra porra!

O garoto recbeu o Tarzan.Bate no peito,esbraveja e sangra pela voz com o peito aberto na minha frente...Sem pensar,meu joelho ( e o de Jack Daniels)encontra o seu estômago...
o filha da puta vomita.
Na minha calça nova.(era dia de pagamento,porra!)
Soco nas têmporas e eu só penso "que nome interessante,têmporas".Ela segura o bode trincado que eu era naquele quando.Não sei de nada e vaput,cambaleando W.C a dentro!Matematicamente eu aplico sua testa enorme na beirola da privada.Me recordo de um professor francês que dizia que o segredo para fixar todos os truques e segredos da profissão era a "repetición".E essa palavra grudada na minha mente virou berro insano e trilha sonora daquele quadro de maldade bruta:
Levando a massa cinzenta a pó : -Repetición!Repetición!Repeticón!Porra!!!
A menina era namorada do D.j e Julius não poupava tato.Passava-lhe tudo em tudo,redescobrindo territórios e conferindo a geografia da moça.O D.j então inconsolável de soluçar tenta revidar botando música brega,"ninguém dança música brega",só o Julius,a namorada do D.j e os meus dedos por dentro da goela do condenado...achei tanta graça.Tenho um humor peculiar,deve ser o convívio com os palhaços da Tonelero.

O meu copo de plástico.


Pois todos todos os que eu tive foram de vidro como os usuais,e se espatifaram em pequenos pedaços e apesar da multiplicação de suas unidades,quando não em conjunto de nada me serve,de absolutamente nada.
Quando anoitece gosto de fazer uma retrospectiva comentada do meu dia.E tem vezes que durante o dia eu me divirto tecendo retrospectivas comentadas de como foram os meus sonhos...que na verdade se baseiam,sem que eu saiba,na retrospectiva do meu dia...que por sua vez é povoado por resquícios dos meus sonhos...
Tenho 14 anos e me chamo Ernani,acho que o último que tiveram coragem de batizar nesse mundo de Raféis e Pedros que vivemos.Moro com o meu tio no alto de uma imensa colina somente povoada por nós e em certas tardes só por mim.Meus pais morreram em um acidente de helicóptero e meu tio me trouxe pra morar aqui porque havia prometido isso ao meu pai.Não na beira da morte mas na beira de uma mesa de sinuca.
-Germano você não presta...
- Se eu não presto você presta muito menos.
-Isso é bem verdade meu irmão.
-Mas saiba que se eu morrer quero que você cuide do meu filho.
-Eu?Mas eu nem tenho onde morar,estou de favor na tua casa faz dois anos.
-Ora,arruma uma casa!
-Mas onde?
- Sei lá,no alto de uma colina,foda-se.Você sempre arruma problema hein,putaquiupariu!

E cá estou eu,no alto desta colina,nem que país é eu sei.Nem o ano.Nem o dia.
Só sei do meu tio e dos filmes dessa televisão sem cor que meu tio me obriga a assistir enquanto ele fabrica medonhas dentaduras.

Boa noite Azerbaijão.Reflexões de um ilusionista carioca./primeiro momento.


"parente só é bom em porta-retrato"


A porra do telefone me toca lá pras duas,duas da madrugada.Era Julius e só havia de ser Julius,ou ele ou ou algum parente morrendo.Embora naqueles tempos já não havia sobrado ninguém,você sabe como é parente: sempre tem uma tia que inventa de morrer do nada.Ano passado mesmo teve uma.Me ligaram mais ou menos a mesma hora,"Tia Candinha".
Me liga a prima bunduda que morava em Sergipe e estava no Rio para cuidar da mãe :"Tia candinha","Tia candinha do bolinho de chuva"...morreu de pneumonia.Foda-se minha Tia candinha,seus bolinhos queimados e sua filha rabuda...
A nossa trupe regressava ao nosso lugar de origem no centro do Rio de Janeiro,era tudo muito organizado.Os palhaços vinham todos de Copacabana,eram irmãos e moravam num buraco calorento na rua Toneleros e por isso aderiram ao nome risível : "Los Hermanos Tonelero".Trabalhavam em troca de comida,cocaína,roupas e bebida(tudo do mais barato.)No trailler do lado,o novo domador de leão.Gastamos o dia inteiro passando todo o espetáculo para ver onde encaixaria melhor o seu número medíocre,que de tão capenga não se dava nem ao luxo de uma simples dança com o leão.Não fazem mais domadores como o velho Barbosa,que aliás morreu assim dançando com o leão.Seu Barbosa,o único que me entendia nessa merda aqui.
Odeio esse leão e suspeito que o novo domador seja viado.Pela tarde,enquanto penteava teleco, o meu parceiro de show e organizava minhas pombas em seus devidos lugares,eu olhei torto pro leão.Como passei a olhar desde que o puto deglutiu meu amigo Barbosa...(minha única fonte de conversa por aqui). Barbosão!Sujeito culto.Já muito respeitado em muitos circos do mundo no fim da carreira.Não me esqueço de seu sorriso amigavelmente banguela...
Ainda fitando com imensa saudade do Barbosão uma foto nossa eu fecho o meu trailler e caminho na rua noturna indo ao encontro de Julius no Azerbaijão,que na verdade se chamava "Hotn'ight's",mas era chamado Azerbaijão por mim e por Julius sem um devido motivo,apenas para podermos usar essa palavra com mais frequência em nossas vidas.Passo por um grupo de vagabundas mal-vestidas com tops coloridos e me recordo da contorcionista,que bebeu todo o meu uísque,me sedou no fim e foi dar pro Orlando.*(dono do circo)Não a crucifico.Fosse eu uma mulher gostosa como ela é faria o mesmo.A diferença está no fato de que ela se entrega a Orlando para poder abrir o espetáculo e ficar assistindo filmes antigos,ao menos a vagabunda é culta.
Eu faria melhor....

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Homonímia

Homonímia segundo a gramática da língua portuguesa, que consultei no google quando apenas salpiquei lá "h-o-m-o-n-í-m-i-a",é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica - HOMÔNIMOS.

As homônimas podem ser:

  • Homógrafas heterofônicas ( ou homógrafas) - são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
    Ex.: gosto ( substantivo) - gosto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar)
    Conserto ( substantivo) - conserto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar)

  • Homófonas heterográficas ( ou homófonas) - são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.
    Ex.: cela (substantivo) - sela ( verbo)
    Cessão (substantivo) - sessão (substantivo)
    Cerrar (verbo) - serrar ( verbo)

  • Homófonas homográficas ( ou homônimos perfeitos) - são as palavras iguais na pronúncia e na escrita.
    Ex.: cura (verbo) - cura ( substantivo)
    Verão ( verbo) - verão ( substantivo)
    Cedo ( verbo ) - cedo (advérbio)

Agora, saindo um pouco da sétima série :

Quando busquei na internet a letra detalhada de uma música que gosto "é nenhuma".O sistema de procura que todos amamos me exibiu um material bizarro.Que fez acordar em mim a disparidade,diferença,insemelhança (essa é neologismo!) que existe na música chamada homogêneamente : nordestina.
Aliás,indo mais além.O meu desejo neste post é mostrar o rombo de qualidade existente entre DUAS MÚSICAS COM O MESMO NOME.
Algo mais forte do que dois amigos chamados Pedro.Ou duas cidades chamadas Campos.Ou dois diretores cinematográficos chamados David.... apresento-lhes: "é nenhuma" e "é nenhuma".
A primeira composta por um "pensador" carioca para um grupo de Axé Music bahiano(dã??) e a segunda por um "fuleiro" nordestino para ele mesmo e seus amigos fuderosos.

É Nenhuma *

Chiclete Com Banana

Composição: Gabriel O Pensador

É nenhuma meu rei, é nenhuma é nenhuma é nenhuma
É nenhuma meu rei, meu rei, meu rei, meu rei, meu rei
É nenhuma é nenhuma é nenhuma
Se alguém te disser que o baiano é um bicho preguiçoso
É papo furado de povo invejoso, meu rei, não vá acreditar
Se alguém te disser que o baiano é um sujeito molenga

cansou aqui?eu já estava exausto no segundo verso.

Não acredite nessa lengalenga, tem alguém querendo te enganar
Tá pensando que o baiano é o que?
Tá pensando que eu não trabalho?

Você vá na Bahia pra ver, ou na casa do baiano pra saber
Que o baiano é massa, o baiano é fera
O baiano trabalha, batalha, não joga a toalha e sacode a galera
O baiano é fera, o baiano é massa
O baiano tem fé, tem raça e sempre faz a festa por onde elepassa
Tá pensando que o baiano é mole? O baiano não é mole não
Tá pensando que o baiano dá mole? O baiano não dá mole não
O baiano não dá mole não, o baiano não dá mole não
O baiano não é mole não, o baiano não é mole não



É nenhuma*

Lula Queiroga

Composição: Lula Queiroga / Zé Brown / Lulu Oliveira

Eu sei que é longo o caminho e o tempo incerto
Tanto faz o céu fechado ou o mar aberto
Tanto faz um quilo de chumbo ou
Um quilo de algodão
Tanto faz uma japonesa
Amamentar o filho do alemão
Enquanto a cabeça dorme
O corpo pensa
Cada um regulando a sua crença
Prá beijar a mão que te dá a bença
Tem que ter a espinha firme
E a mente tensa

O tempo é prá pensar , conquistar , prosseguir e viver
Olhar pro lado e tentar entender
O importante é a postura
Que a pessoa assuma
No mais : a diferença é nenhuma
É nenhuma



O rombo é explícito.O triste mesmo é provar que o representante do meu Estado nisso tudo colabora com o lado escuro da força.E com humildade eu peço perdão à cultura brasileira em nome do sudeste,foi mal!

Temos composições melhores sim!

e sobre a música bahiana, eu sugiro que vocês procurem este tópico (axé music) no blog "Mundo Fantasmo" do grande sábio PARAÍBA Bráulio Tavares, recomendado ao lado.

ilustro aqui um pedaço interessante ao discutido neste post.

"Alguns críticos vêem na axé-music uma tendência fascista: ela levaria até o extremo aquela atitude megalomaníaca e autoritária do rock, tão bem dissecada por Roger Waters e Alan Parker no filme Pink Floyd: The Wall, misturada com as danças-de-roda das creches infantis e do programa da Xuxa. Valendo-se do coquetel de hormônios que troveja nas artérias da puberdade, é uma música que em momento algum pára de dar ordens aos seus executantes. A axé-music não tem variação em sua letra porque não pode se dar o luxo de esperar que o público faça aquilo espontaneamente; duvido que ele faça, se não fôr mandado. . Suas letras são massificantes e psicologicamente infantilizadoras. Ela é a trilha sonora de um ritual de acasalamento, combinada com o militarismo da aeróbica e com as brincadeiras-de-roda da primeira infância."

(Bráulio Tavares Mundo Fantasmo)



e paralelamente eu me lembro de algo que eu ouvi em Olinda:

eu -Vocês têm aqui algum problema com os bahianos?

nativo - ôxi negão,eles inventaram o axé...

eu calei.





sábado, 11 de julho de 2009

curta do Anima Mundi.Sessão Curtas 1.Sessão Curtas 4.

eu dei excelente.


Il naturalista.

www.naturalistanimated.blogspot.com

Dix
http://www.youtube.com/watch?v=V7PC1Vx47II

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"a estabilidade quem garante?" disse a areia movediça ao pé,canela,perna,coxa,cintura...



Na poesia sem vírgulas, restrições ou grades.
Nos versos sem firúla,sem guardas,gradações ou mérito.
Nas vozes que não se prendem em jaulas.Nos insultos magnéticos que deprimem e entristecem.Nas palavras sinceras.Nas mensagens de texto dos amigos,dos bons amigos.No ápice violento da ascensão do uso de droga na sua vida.No prazerzinho rápido que mora no final de tudo.Nos resquícios de sonhos que passamos a tarde ruminando com esperança.Nos sorrisos cadavéricos de tão lúdicos que há por aí.No bag do aposentado brinquedo (ou juguete caso você seja espanhol)bat-bag.Lá não está o horizonte.
O horizonte cede por debaixo do seu pé
e se seu tato for aguçado,você sem dificuldade alguma poderá senti-lo derretendo e afogando pra baixo do polegar.O polegar do pé.(no mindinho do pé também.)

Você notará se com calma, que desceram junto: O que você queria ser quando crescesse. (pelo peso do que você é quando crescido.) algumas reminiscências de propagandas comerciais dos anos 90(arapuã é um bom exemplo?), bem como algumas gírias (normalmente acumuladas nas palmas dos pés). Tudo vai para um lugar onde os pelos não crescem mais.Onde decepa-se um homem e o membro resurge.Onde os santos andam de sunga e praticam scubadiving acompanhados de modelettes rastafári.Lá,onde a moda da pochete ressurge.Onde ser estudante é honra.Lá,prá onde a imaginação vai buscar mentiras para levar a memória pra cama e dar nó no cérebro do caboclo!

Então saiba onde pisa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mister Jude Queen...



"-Senhor Queen,duas palavras sobre Shakespeare.
-Duas palavras?Bicha Louca e Cérebro de Anfetamina cósmica."

êta filme bom do caralho.
"I'm not there"

segunda-feira, 6 de julho de 2009

poema-diálogo pr'Alice Morena Abdala Barbosa.

poema-diálogo prAlice Morena Abdala Barbosa.


-Antero?
-Diz aí Anley.
-Você conhece aquela nega de rosa?
-hm...
-Eu conheço.
-Eu não sei.
-Alice Morena Abdala Charmosa.
- hm...acho que agora sei.Sei porque alguém me disse.
- é a Alice.
- Como é bom olhá-la.
- Charmosa...
- é a nega filha do Barbosa.
- não goza?
- é sim. Mas que chatice!
- Alice!...Ai se Alice me visse...
- O ballet a fez longilínea, a mãe lhe pôs feições árabes.
- arabescos, meia-ponta, rodopios pelos ares?
- é.
-Alucina-me Alice ao longe.
- Alucina-me a mim também.
- alucina. Alopra. Aleluia Alice!
- ...que bom que ela não é evangélica...
- e no Leblon Galopa com jeitão de miss.
- Aleluia ao longe, Aleluia ao ipod d’Alice.

Automutilação




Automutilação:

Retalhei meus fatos,
cortei o cabelo,
removi cílios
Mutilei filhos
Inundei ilhas
Desgrudei selos.

Fiz questão de dar risada
De um velho catalão que vinha
Mancando pela calçada
Com a mesma perna que a minha

quarta-feira, 1 de julho de 2009

7.000 pés.






(Víktor, está sentado num banco preto e alto, de terno e gravata, ventiladores devem ser usados projetando um vento de baixo para cima, ao fundo uma música barulhenta e ágil, suas pernas e braços balançam para fora do banco esperneando desesperado, a luz está caótica e ele está com a boca escancarada berrando de desespero, com o tempo ele vai se conformando e relaxando, a luz e a música violentas, continuam, ele vai ficando entediado com aquilo, cruza os braços,a música vai abaixando, e ele ainda com cara de extremo tédio, tira do bolso uma banana, tenta comê-la com dificuldade, mas ela é puxada para cima e ele não consegue, passa certo tempo, e ele tenta jogar um gameboy, mas este é puxado para cima também. Música acaba)

Víktor:- Mas que merda! Estou aqui faz horas e é sempre a mesma coisa, mas que mesmiçe, tudo na paz, tudo tão tranquilo, nunca aconteçe nada, é um silêncio dos infernos, eu só ouço “Vum vum”.

E eu que tinha tanta coisa pra fazer, por que que eu fui resolver andar justo por ali ? Mas que erro!

Os sapatos! Ai! A culpa foi destes sapatos novos! Que eu comprei , são de um bom material sim eu admito, mas escorregam feito sabão, se eu estivesse usando sapatos melhores eu ainda estaria encima da ponte e não vendo ela se distanciar a cada vez mais a caminho dos céus( olha pra cima).

Se bem que esta ponte também não era das mais confiáveis, as cordas foram trançadas onde?

Deve ter sido em Itaperuna!

Eu não confio nas coisas feitas em Itaperuna, não senhor, não eu, tsc,tsc,tsc. Itaperuna nunca mais, desde o Natal passado.

Olha só um passarinho, que bonito!

Do que eu estava falando?

Passarinho...? Bonito...? Natal...?Ano Passado...? Ah sim!

Itaperuna!

No Natal passado eu comprei uns agrados em Itaperuna e os trouxe para a minha Luana...Luana minha esposa, tão bela tão meiga que já começo a sentir saudades, ainda bem que eu sempre carrego uma bela foto dela aqui no meu bolso que é pra fazer inveja nuns coitados lá no Bar do Souza...( pega do a foto que é puxada para cima)

Não! Luana! Mas que perda,que perda terrível!

( pausa)

Eu estou odiando isso, eu perdi minha Luana, que aliás foi quem me pediu para atravessar aquela ponte para buscar macadâmias, e eu , bem eu fui sem nem saber que porra que é macadâmia!

E não pense que eu não tentei avisá-la, mas ela disse como se não tivesse me ouvido.

_ Vai senão o nosso filho vai nascer com cara de Macadâmia!_

Eu disse : ótimo, Porque já que eu não faço idéia de como vai ser a cara do nosso filho tanto quanto eu não faço idéia do que diabos é macadâmia, pra mim os dois já se parecem o suficiente!

A mulher desandou a chorar feito uma doida, e eu tentei acalmá-la com voz bem controlada, que apesar de não saber o que é macadâmia, se ela a queria tanto é por que deveria ser algo bom...e quem não quer ter um filho que se pareça com algo bom?!

A mulher me deu um tapa que transformou o roxo em parte da cor da minha pele talvez para sempre ou pelo menos até que esta queda acabe.

A verdade mesmo é que Luana nunca me agradou de todo, me casei com ela mas acho que isso foi levar a sério demais um amor platônico, bem que minha mãe dizia que esta mulher ainda ia me matar, e cá estou eu...morrendo por ela!...( triste, roe unha)

Só fumando um cigarro...( o maço de cigarro é puxado para cima) Isso ia acabar me matando...mas e daí , se eu vou morrer mesmo mesmo.( estende os braços e tenta pegar o cigarro mas não consegue)

( pausa)

Comparando com o que minha vida foi, estar passando por isto agora é até...como posso dizer, interessante.

As núvens que sobem, os pássaros também, cair não é de todo mal...

Não estava realmente dando nada muito certo, pelo menos aqui tudo é paz...não há problema com dinheiro, com esposa grávida ou com a minha mãe que já está doente há anos, a verdade absoluta ...é que desde muito pequeno, meu sonho sempre foi voar, e embora a cada segundo eu esteja voando menos, eu estou voando!

E este vento é bom, fresco, minhas pupilas e pálpebras já se arreganharam e eu me sinto incapaz de piscar, oh Deus como é bom nunca fechar o olho e não perder um segundo só do mundo e a cada segundo eu provo que é melhor do que o segundo anterior, tão inspirador que...Oh! Não mas o que vejo?!

Então era isso o que era aquele monstro azul gigantesco que eu suspeitava estar debaixo dos meus pés, é o mar, e ele está comendo todo o ar debaixo de mim e logo vai me engolir por inteiro e sem dó, tenho que fazer alguma coisa, quero continuar a voar...pássaros o que devo fazer? ( bate os braços como asas).

Não adianta! Não adianta! O mar se aproxima, quase sinto o seu cheiro salgado de...de...morte!

Meus pulmões são fracos por culpa do vício do tabaco, não vou durar muito debaixo d’água...ai que horror, e eu...eu vou morrer, vou morrer e não fui capaz nem de trazer as macadâmias para a minha esposa, eu vou morrer e nem sei o que são maca...ploft!

( O banco é puxado, ele cai, barulho de água, luzes caem e música triste segue)

Fim.

Rodrigo de Arruda.


Primeiro e único monólogo que fiz.Criado para um ator com pouco controle de suas paixões e muito controle de seu corpo.