quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Monte de outros Em: A perda da pedra (sem a cena final ainda)


 

CENA UMA

 

Outro - eu sou eu mesmo, o conflito

a identidade, a diferença. A fidelidade a causa

rio e esgoto abundante. Com meu cabelo preto

Meu espírito preto, as enormes ventas inventando tudo:

 

As vezes tomo agua do lago ao lado. Nas mãos

Uma pedra de Agatha, no peito uma imensa bobagem

 

outro- saboreie esta passagem:( dança, se move, faz meneios.)

 

Outro: esta mesma pedra pululou da cachoeira do Mendanha,e se fez possuir pela minha mão.

As noites durmo com ela sob meu travesseiro.

 

outro - ta de sacanagem que voce trouxe A chuva??

 

outro (sugere jocoso) - “Não me joga no laaago, que eu não sei nadaaar.” Disse o sapo.

 

outro - não passa de um ringue de box onde dois palhacinhos debatem até a morte.

 

outro -(visivelmente amedrontado) - Ou, só até sangrar! Pode ser só até sangrar.

 

outro - alguém disse que é tipo fractais. Cada pedaço é único irrepetível, independente, e ao mesmo tempo coadjuvantes na formulação de uma compreensão global??

 

outrrro -  Carrralho heim. Falou bo-nito! (Puxa aplauso, outros aplaudem, outros não.Outros parecem preocupados, outros perfeitamente adequados a situação, outros se castigam, outros se anulam, outros perseguem a propria bunda, outros uivam pro celular.)

 

Outro -  As vezes do lixo sai flor, e as vezes do lixo sai lixo mesmo!

 

outro - Quem falou isso?

 

Outro - Eu!

 

outro - Não,voce disse, mas quem falou?

 

outro (sugere jocoso) - falou e disse, po!

 

outro -Voce está dizendo que foi ele quem falou e foi ele quem disse, ou está apenas falando “ falou e disse”??

 

outro (sugere jocoso) - polissemico, po!

Outro - As vezes sonho que estou sendo pago ,mas acordo sem dinheiro.

 

outro - Seus sonhos entraram em outro estado.

 

outro - entranhado na perda!

 

outro - entalhado na pedra!

 

outro (sugere jocoso, puxa e lança dados.) - Dados!

 

Outro - Processamento de dados, sei.Acontece que eu perdi a pedra e chamei voces para me ajudar a encontrar.

 

outro - Peraí, não to entendendo esse esquema! Quando eu cheguei aqui pensava que era um poema!

 

outro (sugere jocoso) - Esse cara ta tentando levantar uma narrativa!

 

outro - Talvez não passe de um rabisco, uma esquete, um polifonico spaghetti da vida real! Qual é a diferença entre o poético e o teatral?

 

outro - Se eu soubesse que era teatro viria com uma calça mais leve . . .

 

outro - Vamos então a perda da pedra. Te parece um bom título, ou um título de merda?

 

CENA OUTRA

 

Outro - Eu sou eu mesmo em outro dia. Chamemos de Amanhoje, mas saibamos que na verdade é amanhontem.

 

Outrrro  - Rrrrrecebeu o meu rrrecado?

 

outro - sobre a perda da pedra?

 

Outrrro - ééé, sobrrre a perrrda da pedrrra . . .

 

Outro - (desapontado) - Ah recebi . . .

 

Outrrro - e voce não fica animado prrra ideia??

 

Outro - eu não sei se encenar uma peça sobre a perda da pedra era bem o que eu queria.

 

outro (intervem) - Ou escrever poesia!

 

Outro - Eu sei que quero achar a minha pedra.Sem ela meus sonhos sao embaralhados. Reconstituir a perda da pedra no teatro com os Outros pode não ser a solução para encontra-la. Reviver esse trauma repetidas vezes vai ser muito doloroso.

 

Outrrro - O que eu estou te oferrrecendo é uma explorrração completa meu rrrapaz! O teatrrro é a prrroliferação insistente de outrrros. Outrrras rrrespostas virrrrão. Outrrras perrrdas outrrras pedrrras, pedrrrinhas, pedrrregulhos, cascabulhos!

 

outro (sugere jocoso) - Agora que já subiu no palco a unica saída é quebrando a quarta parede. (Pisca pra plateia e diz a ela) Sacou?

 

Outro - Que palco rapaz? Isso aqui é a minha vida,é real!

 

Outrrrro aplaude - não é bonito o jeito como ele acrrredita?

 

outro - Mas não é real não?

 

outro - O que é o real né?

 

outro - Mentirada do cacete! Tu acha que um zé bunda desse, tem nem nome, não tem background, não tem knowhall, não tem porra nenhuma, vai ter uma pedra pra perder? (rindo muito) No meio do nada! Ahhh, roteirizado! Roteirizado e editado.Ahhh, faça me o favor!

 

outro - Pera ai, entåo eu sou personagem?? Como assim eu sou personagem? Ah que horror! Eu me dei conta de que se eu for personagem, e sou capaz de enxergar isso agora, é porque eu estou na merda e um texto metalinguistico!! Ah que horror! (Começa a vomitar!) Que mau gosto do caralho!!

 

outro vem ao socorro - calma, calma . . . pode ser que voce nåo seja um personagem... personagens tem nomes, tem descrição fisica, psiquica, figurino, paletas de cor . Caramba, agora eu comecei a ficar com vontade!

 

Outrrro - Corrrtemos essa bobajada! Temos uma peça parrra encenar! Uma pedrrra parrra encontrrrarrr! Ninguem aqui é perrrrsonagem! Somos sim um bando de outrrros!  E estamos semprrre em cena como todos os outrrros!

 

Outro - então a encenação já está acontecendo? Teatro dentro do teatro?

 

Outrrro - Sim meu arrrogante gurrri. A cena está aí, entrrre nos, chuviscando em nossas tvzinhas. A via real esta cheia de cenas, basta a gente ouvir e ver.

 

Outro - Ajayo é a palavra Yorubá para “Eu vejo voce”

UMA OUTRA CENA

Concurso premia imitaores e Caritos.

Entre muitos Outros, ee.