terça-feira, 31 de março de 2009

Astro



-não pense que as idéias são únicas e você o único a tê-las.
a verdade,mesmo é que as idéias vêm de longe,mais longe que as estrelas
e não são únicas,são muitas.Mais muitas que as estrelas.

Estejam lá e sintam as cores nas caras.


domingo, 29 de março de 2009

ESCRÚPULO!! (Lenine e Lula Queiroga)

É muito além, é mais do que devia
Excesso de tato, toda delicadeza
Portanto, contudo, todavia,
Toda vez você desvia o rumo do assunto
E nunca que chega junto
E nunca que chega ao centro da questão
Escrúpulo

Você não fala pelas costas
Você não fala pelos cotovelos
Passa noites em claro, mordendo a fronha
E escolhendo frases de efeito moral
E nunca que você dá jeito
E nunca que ninguém dá jeito na situação
Escrúpulo

O tímido medo do ridículo
É sempre no limite que você decide
Decide se vai, ou se fica, ou se foge
Decide, revide ou decide, perdão

quarta-feira, 25 de março de 2009

Leminski

diluvio

acordei e o meu blog estava todo cagado.
Sacos de lógica esmaecidos pelas paredes,
cacarecos de toda a raça,
pulgas e sarnas.
voltei pro orkut enojado,ecow!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Poema Natalino de março (nostalgia ou futurismo?)

Raspas de Papai Noel

Todos os natais passei com febre.
Maldição que jesus vê.
Eu,que passo o ano tão alegre
visto o jeans,
pra se chover.
[Então porque?
Rabanadas,
me levem pra ontem!
Há pinhas na sala!
Os presentes se rasgam sem mão.

Há pinhas na sala!
Os presentes se rasgam sem mim

Vaga,a noite de
Getúlio Vargas
rosto preto e costas largas
caindo encima de mim!

Mas do escuro é que se mama a fome
e quando o mais crioulo some
é que se toca Tom Jobim.

e se baila ao longe o abutre triste
na mais longe estrela,exilada
existe
rastros de papai noel!
raspas de papai noel!

Ferreira Gullar


No mundo há muitas armadilhas

e o que é armadilha pode ser refúgio
e o que é refúgio pode ser armadilha

Tua janela por exemplo
aberta para o céu
e uma estrela a te dizer que o homem é nada
ou a manhã espumando na praia
a bater antes de Cabral, antes de Tróia
(há quatro séculos Tomás Bequimão
tomou a cidade, criou uma milícia popular
e depois foi traído, preso, enforcado)

No mundo há muitas armadilhas
e muitas bocas a te dizer
que a vida é pouca
que a vida é louca
E por que não a Bomba? te perguntam.
Por que não a Bomba para acabar com tudo, já
que a vida é louca?

Contudo, olhas o teu filho, o bichinho
que não sabe
que afoito se entranha à vida e quer
a vida
e busca o sol, a bola, fascinado vê
o avião e indaga e indaga

A vida é pouca
a vida é louca
mas não há senão ela.
E não te mataste, essa é a verdade.

Estás preso à vida como numa jaula.
Estamos todos presos
nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver
de fora e nos dizer: é azul.
E já o sabíamos, tanto
que não te mataste e não vais
te matar
e agüentarás até o fim.

O certo é que nesta jaula há os que têm
e os que não têm
há os que têm tanto que sozinhos poderiam
alimentar a cidade
e os que não têm nem para o almoço de hoje

A estrela mente
o mar sofisma. De fato,
o homem está preso à vida e precisa viver
o homem tem fome
e precisa comer
o homem tem filhos
e precisa criá-los

Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Agora ao vivo

Mike Patton interpreta brilhantemente Litany IV composta por John Zorn....piração extrema.



Six Litanies for Heliogabalus Composed by John Zorn, performed by Mike Patton.

terça-feira, 17 de março de 2009

Jackson do Pandeiro


Rosa


Rosa, Rosa, vem ô Rosa
Estou chamando por você
Eu vivo lhe procurando
Você faz que não me vê
Eu vivo lhe procurando
E nem sinal de você.
(coro repete)

Rosa danada
Minha morena faceira
Minha flor de quixabeira
Não posso mais esperar.
Fique sabendo
Se casar com outro homem
O tinhoso me consome
Mas eu lhe meto o punhá.

(coro repete tudo)

Comprei um papel florado
um envelope pra mandar dizer
numa carta bem escrita
o que sinto por você
a carta está esperando
porque não sei escrever.

A coisa pior da vida
É querer bem a mulher
A gente deita na rede
Maginando por que é
Com tantas no mei do mundo
Só uma é que a gente quer.

Coro: “Rosa, Rosa, vem ô Rosa...”

Pin-ups coloridas




Pin-ups Coloridas




De todas as pin-ups
que tatuei na
língua
recordo-me apenas da
pin-up de pineaple
que estranhamente
tinha sabor de
maçã e pinhas
[na minha língua.
mas no moinho das coisas,
no molho choio das coisas,
no molhinho choco das coisas,não.

A pin-up está no chão
e rola
feito pinball
descascando o fogo do sol,que de manhã estará melhor
a pin-up não.
Rolará até
minha mão
e se despirá
no anis dos nós
de meus dedos.
A sonhar com marinheiros sem medo.

Saleiro e Sangria na Lagoa.

(dedicado a Manuel Bandeira e a quem mais gostar de sapos)


Sal no sapo explode o papo

o bicho rasga, os ossos pulam,

pele estala,olho estraçalha

outros se ajuntam:

-mataro o Beiço.

-mar logo o Beiço?

-Deus é do mal

-não é.

-é.

Voa perna,voa pé

Por cima da insossa serpente

Que hoje nos soa sensata.

Medrosos se embrenham na mata...

...nada vai beirar consolo...

...ninguém mais se sente bem...

...mamam girinos em ninguém...

...mais um sapo pro além...

Tripas lambuzam a barra

da saia da Vitória-Regia

ontem tapete de festa

hoje chapéu de lagoa,

peruca de plâncton,

plantinha a toa.



de Lara-lá laiá laiá laiá lálálálá lálálálálálá laiálaiálala...

Dou a palavra a quem merece:




Algum barulho!


Muita gente não soube,mas desde o ano de 2005 ERA possível baixar música pelo orkut.A comunidade discografias disponibilizava links que facilitavam o acesso ao trabalho de artistas de todos os continentes,estilos,gravadoras,etinias sendo diferenciados apenas pelos seus nomes.Era escolher um nome, que muito provavelmente a comunidade teria uma página com pessoas oferecendo (de bom coração) discos de artistas que você muito provavelmente não encontrará em saraiva nenhuma,e os que você encontra na saraiva também só que de graça.
A partilha de arte corria solta naquela comunidade.Cultura custando alguns cliques (futurístico, não?Não.Presentístico,mas agora infelizmente passadístico.)A comunidade acabou,ameaçada.
Desde algum tempo a comunidade pedia ajuda através da arma dos desarmados: o abaixo-assinado.
O que não foi o bastante e no último domingo a comunidade fechou as portas pressionada por ameaças da Associação Antipirataria de Cinema e Música.
Nesta terça em que varri meu orkut em busca da comunidade sem saber que ela agora comia poeira digital (para onde vão os arquivos deletados?) eu fui dolorosamente forçado a lembrar do também deletado,eximado,expurgado blog "Som Barato",um exímio museu da mais valorada e evoluida forma de arte brasileira a música.Um blog onde era possível encontrar mais de dois mil discos de música brasileira entre eles,alguns que fisicamente não existem nem em vinil e ninguém ousará transformar em cd...agora é tudo lembrança,ou arquivo na c.p.u de quem guardar.

Existe alguém com medo da evolução!

tudo que é de graça nego quer tirar da gente
nego quer tirar da gente
nego quer tirar
tudo que é de graça nego quer tirar da gente
nego quer tirar da gente
nego quer tirar
quero um download quero um download
mas nego não deixa ter
quero um download quero um download
mas nego quer proibir



este blog manifesta o seu apoio aos blogs de compartilhamento de música e declara que só não compartilha também porque não sabe como!Por isso é que indico vários ali naquela faixa ao lado>>>>>>>>>>

sexta-feira, 13 de março de 2009

CHOQUE DO MAGRIÇA!


tOcamOs NesTE SáBado
[no tablado.
Lá pra meia noite!

quinta-feira, 12 de março de 2009

segunda tuba


mas lembre
que a tuba
é vertiginosa,
a latrina não.
A tuba metaliza,
afunila, amplifica a tuba é enorme,
inadestrável, rica
a tuba é metal e metal tem gana.
então cuidado onde caga,sacana!

tuba


A tuba.
cague
na tuba
e olhe.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Raul


VÁ E DIGA AO MUNDO QUE VOCÊ ESTÁ CERTO!

As flores de Dona Damiana



As estrelas cadentes,todas elas quando morriam, mergulhavam com violência lúdica nos jardins de Dona Damiana

Tornando suas flores realmente, Flores de Dona Damiana.

As mais belas e cintilantes exibidoras do brilho mais especial já visto em toda a história da botânica.

Dona Damiana, senhora gorda e risonha, esposa de Seu Walmir magro e carrancudo, que os anos rangendo o pequeno portão de ferro de sua casa pela manhã, com um saco de pão nas mãos trêmulas, somadas as bolas de futebol que caiam na casa dele e voltavam furadas, e mais os anos e anos de morador da mesma casa em Vigário Geral, adicionaram o Seu a seu nome: Walmir.

O casal tinha idades de fato muito avançadas, e embora nenhum dos dois se lembrasse delas muito bem, alguns chatos diziam que somadas as duas idades daria algo em torno de duzentos anos.

Duzentos anos tinham juntos ,mesmo estando juntos por 43.

A paciência de Dona Damiana era a alma daquele casal que de tão clássico, ao passar nas ruas sentia-se vontade de admirar o clima por eles carregado, alguns juravam até ouvir um sambinha antigo ao fundo, outros realmente paravam suas conversas para admirá-los e os que continuavam conversando já nem eram mais ouvidos e sinceramente só falavam por falar, pois nem os mais insensíveis eram capazes de não prestar atenção em algo tão charmoso.

Seu Walmir nunca quis ser ele mesmo, mas já que era, resolvera apenas sentar e esperar até que acabasse... mas por algum motivo que para todo o universo era desconhecido,Dona Damiana quis acompanha-lo.

Nos primeiros anos juntos, Walmir a enxergava como uma espécie de luz para sua companhia mas nos últimos anos , o único gozo em sua vida era o sono e só conseguia dormir de luz bem apagada., e o excesso de luz em sua esposa só faziam machucar seu bom senso.

Aquela era uma noite comum, os calos de Seu Walmir pareciam mover-se por vontade própria, espichando e contraindo, numa brincadeira que só os calos achavam graça, Seu Walmir não.

Para as flores aquela não era uma noite ignóbil, era novembro, e elas esperavam a chegada das estrelas, Seu Walmir não.

O velho virou-se na cama, da esquerda para a direita como se lá (na direita) fosse encontrar com seu sono, fica uns segundos e faz o caminho inverso, o sono deveria ter mudado de lugar, pois não o achou.

Nesta jornada na cama ,acaba percebendo que já é bem tarde e sua companheira não o acompanha na cama , fato que não seria perturbador se não fosse novembro.

Abre seus olhos tanto quanto o sono permite, só poderia comprovar a desgraça se, se levantasse e fosse até o calendário, e sentia forte o desejo de ir até o calendário na porta da geladeira, porém seu corpo não parecia se importar do mesmo jeito, tanto que não se levantou.

Seu Walmir contorce a face numa expressão de insatisfação contra a desobediência de seu corpo.

Novembro é que não poderia ser, para muitos dos outros aposentados, tanto faria qual dos 12 meses era, mas para Seu Walmir sim.

Sempre em novembro não podia dormir, já que as estrelas cadentes ,todas elas morriam e mergulhavam com uma violência irritante nos jardins de Dona Damiana , já que os astros a achavam uma dama especial , A Dama de luz da Terra, e usavam seu jardim como o leito final de estrelas.

As estrelas boas caiam ainda radiantes por entre as Begônias, escorregando com um frescor prateado em volta dos caules até repousarem para sempre nos braços acolhedores das raízes.

O último brilho das estrelas boas em volta das begônias, alguns pretos diziam que já foi motivo de música, e que os poucos que viram, ficaram apaixonados para sempre, quando não loucos de amor ,Seu Walmir não.

Quanto às estrelas ruins, essas caiam feito pedrinhas vazias e apagadas, e ao tocar no chão do jardim eram arrastadas por ervas-daninhas para debaixo da terra com a eficácia de quem quer escondê-las.

- Damiana!

Seu Walmir investiu no vácuo, mas não obteve resposta ou sinal parecido.

Já estava quase na hora, a mulher com certeza havia de estar se balançando na varanda esperando a visita das estrelas, que carregariam sua insônia... mais uma noite de insônia não poderia agüentar, luzes e mais luzes uma pirotecnia dos diabos ...

Um segundo, e todas as lembranças de Seu Walmir sobre defuntos astrais sendo despejados na sua casa por todos esses anos, começaram a aflorar no peito, e ponteagudamente furar sua alma.

-Damiana!!

Desta vez com o ódio de quem senta numa cama e berra com seus pulmões antigos fumegantes como novos, renovados pelo ódio, ódio guardado com amor por duzentos anos.

-Damiana!!!

-A mulher simplesmente não vem-

TINHA QUE FAZER ALGUMA COISA!

TINHA QUE PARAR ESSA HISTÓRIA!

Um barulho que onomatopéia alguma seria capaz de traduzir se irrompe quando Seu Walmir se levanta da cama, sua mente já não existe, e em seu último raciocínio lógico só fora capaz de fazer o cálculo: “Se as estrelas vêm parar aqui por causa de Damiana, acabando com Damiana eu acabo com as estrelas”.

Quem não sabia o que é loucura obsessiva, logo tiraria qualquer dúvida ao encarar os olhos roxos e incontrolados de Seu Walmir.

Ele sai do quarto, era noite fria, a porta da sala ilustrava a imagem que Seu Walmir já decorara; a silhueta de Damiana sentada na grande cadeira de balanço de frente para o jardim. Caminha através da sala ampla com pisos de madeira que...rangem.

Alcança a porta, encima da cômoda, repousava uma boneca de porcelana com um laço verde-oliva na cabeça, o louco desamarra-o e a boneca nem suspeita do objetivo da ação.

Cada passo obstinado do idoso fazia a antiga estrutura da casa compartilhar do Parkinson que tinha na mão esquerda, que segurava a tal fita verde-oliva.

Walmir pára atrás de sua esposa (e esta nem se arrepia) com a coluna ereta de quem se esqueceu de todo o peso dos últimos duzentos anos, suas mãos tremiam, mas a obstinação e desejo eram maiores do que tudo naquele segundo de vermelhidão

Em contra partida... Dona Damiana era tão linda como na primeira manhã de Sol rascante em que se viram e se falaram, uma lágrima cai, e a primeira estrela também, e enquanto o preto do céu era ferozmente rasgado com a força de trinta cachoeiras, em uma só gota-linha, Seu Walmir faz um movimento rápido e veste a fita verde em torno do pescoço da esposa ,a boneca de porcelana cai e se quebra em cacos.

Seu Walmir aperta-lhe a goela com a voracidade de quem morde um bife suculento, os olhos da senhora, que fitavam o céu e brilhavam de encanto e felicidade, pois era uma estrela boa, iam se virando para algum lugar mais alto que o céu, iam para a casa da angústia, contração e desespero.

As estrelas não paravam de cair, algumas boas, outras ruins, todas morrendo no jardim, todas irritando Seu Walmir.

Seu ódio lhe dava razão e tesão por sua arte de enforcar, e debaixo da chuva de estrelas , ele se sentia aflito mas certo do que estava fazendo e tanta certeza e precisão, o faziam babar com loucura sólida, todo o corpo tenso de força chegava a dar tremeliques de loucura líquida.

Algumas estrelas se sacrificavam para salvar Damiana, mas quanto mais estrelas caiam, mais veias se estouravam.

Depois de algum tempo, as estrelas pararam de cair, e passados dois minutos de respiração ofegante em loucura gasosa,Seu Walmir apenas largou a fita , fazendo com que o corpo celeste morto de sua esposa caísse brilhante encima das Begônias...Seu Walmir depois de algumas horas ,finalmente conseguiu dormir bem e no escuro, fora carregado para debaixo da terra por ervas daninhas...era uma estrela ruim.

FIM.