domingo, 4 de julho de 2010

inspirado em Rebecca Horn e em sua anarquia.


samba que alude ao idílio

eu queria mesmo a -suíte paulistana-
de hermeto pascoal soando em mim
ressonando magnética pelas en
trâncias.Perambulando-me os tubos
revirando me
em contorcionismos.

eu
bem
que
queria trepado a um
trapézio que minhas secreções
proteicas a que aludo como: unha.

retintas crescessem para dentro
dos dedos.Cadaverizando a mim.
adocicando e adoecendo-me.Des
pencando me universo a fora.Sa
tírico satelite satânico!

eu queria o estímulo dos homem-bomba.
seu efeito,som,luz-clarevidência.Pois querer
causa amarga demência

terça-feira, 1 de junho de 2010


2

Mas liga não,mais tarde medica-se,derrama-se cachaça no ferimento e no ferido.Nos meus devaneios sempre se despeja cachaça,nem que seja para riscar fósforo em seguida.Um dos postes destrambelha à minha esquerda,uma fagulha me queima o rosto.O que é uma fagulha para quem


vive o incêndio?
vou deixar mostrando assim:
só o asfalto indo para trás de nós.

Eu inventei o Le Parkour sobre carros e mesmo assim sou triste.Não que eu gostasse que outros aprendessem a pedalar no ar como eu acabo de fazer,não.Sou triste porque gravo vídeos como esse me exibindo física,social e mentalmente.Sou mais um emo,esse gesto que meu braço faz,apontando a lente da objetiva para meu rosto é emo.Sou emo também por ser uma tendência efêmera,algo que não se sustenta em si,parasito o motor dos outros.Me movo na gasolina alheia.Sou emo porque todos os instrumentistas das bandas de emo sempre dizem que não são emo,e acaba que o emo fico eu sendo!

Olha,eu não desenvolvi essa forma de viver.De viver sempre viajando,entregue ao deslocamento constante,como sou de família circense tenho nas veias a vontade de ir-me.
Surfando lombadas,tirando tinta das ambulancias eu sou o último dos piratas urbanos!Mesmo que não muito bem da perna.

Vejam : deitada no banco de trás - uma grande garrafa de conhaque.É o que calará as fisgadas de minha perna.Me acocoro e as canelas rangem,a lataria daquela blaiser parece que não há muito tomou uma dose de cera.Tenho que ir com cuidado.Os chãos sempre a se mover,é preciso tino...
e tonus e...

{Huup!
Owçh!
Vapo-Vapo,Vultsh,trrrrrrrrr....caklash!}

- De onde esse cara veio,porra?!
pi.
(o vídeo retorna ao seu começo.E faz o mesmo quando chega ao fim na tela de um dvd que balança na blaiser.Chacoalha com o caminho e com os propósitos do motorista.)

a blaiser escura e monocórdea ronrona maquinal
a voz do emo no vídeo sofre interferência mais que
direta do transito infernal que o circunda.
mas ele e seu corpo são tão intrépidos que afligem,
machucam o senso comum do motorista da blaiser
que mal entende.E desse não entender cresce um
medo e desse medo uma inveja!


(o motorista retoma o vídeo sempre que ele acaba)

o motorista tem espasmos reflexivos aos
movimentos que o garoto executa nos vídeos.Piruetas,
passadas longas,estranho,estranho,estranho.

o motorista vira o corpo para trás e mete o punho no rosto
do rapaz que já acorda cuspindo uma bolha de sangue!
- de onde você vem?Como que faz isso que você faz?


1
Pulo sobre o capô dos carros que passam em aceleração constante.Salto de Picassos para Unos.Uns motoristas deixam que o susto lhes dê uma leve desgovernada.Sempre pensei em explorar o espaço com esses rodopios livres,
mas nunca havia tentado.Não assim,no teto de um ônibus,no teto de outro ônibus e com uma passada de elefante pousando num passat.
Infinitos carros trafegam,não faltará quem me conduza.Aos doze,pulava ondinhas no leblon,hoje voo sobre máquinas em alta temperatura,denso movimento e velocidade desembestada.
O risco da morte é muito mais parceiro neste esporte que pratico do que em outros,ping-pong como exemplo.Merda de quebra-molas.Com o risco da morte se acostuma desde o berçário e é comum também achá-lo comendo picles nos botecos do Flamengo.
Rasgo o céu com piruetas,desvio a nuca das lâmpadas dos postes elétricos e pouso em parafuso sobre um capô de uma kombi que me leva para trás como um corcel-esteira;60,80,120km/h indo de costas,o vento frenético me ergueria a saia se uma eu usasse.Cruzo as pernas,abro os braços sentado no sentimento de mobilidade.Estou no seio do efêmero,atravessando distâncias,cortando o caminho do vento,inundando esse ar brumoso e espesso da minha presença.Não sei se contrasto se reforço.Se me encaixo ou se disto.Só sei sentir
a graça de infinita transgressão espacial que se dá.
As paisagens se sucedem com abissal frenesi,perspectiva impressionista ao sabor do mundo da rua que é o mundo das máquinas.Porque lugar de gente é em casa ou é em calçada.Meu joelho fisga desde o começo mesmo,não devo dar atenção a esses clamores.Eu não tenho calçada e por conseguinte também não tenho casa e por me encontrar deslocado que eu resolvo me lambuzar de deslocamento e me entregar a movimentação constante.Huupah.





"eu não tenho onde morar
é por isso que eu moro na areia."





No topo desses carros,amiguinho.Eu sou e ia e fui simultaneamente.Nova pirueta,ajoelha-se no peugeot e deixa o joelho morrer de reclamar.Arre.Arreégua!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

como pombos eletrificados


não sei quanto a você,que me lê,
daê.
mas eu estou farto de Lúcifer estatelado
na travessa dos doces.Exausto de vê-lo patrocinando
os prazeres de divindade mais animalesca.
DEVERES de naturalidade mais casta.


sei não Chico Xavier,mas não nos basta de pedágios?Gravidade,
ignorância,câncer,velhice,sarampo,mágoa?
Há teia nas liberdades,preconceitos nos festejos,nos abraços
nos sapatos,e nos desenhos animados.


a morte;
serena esteve
como presente
rondando os aniversários,
os flertes e os reflexos.

e sempre multiplicando-se
em sentidos complexos.

bolhas de nexo?Tração,Há tração?
Como pô-los,polos opóstos?Operar
penetração.Zigotos!Só rolar o tempo
germinando o ser que nasce com cu
-curuto.Sente,pensa,fala e se estaba-
ca no minuto.

seremo{nói tutto}
amorosos morenos entre
morangos suculentos e ladrões de calibre 3Oitão
suando,com uma cara de mau e um calo na mão
nasceu nele de tanto matar cristão
-deite no chão!
Obedecendo,descendo,desci.(ele lá de cima como tá Dadinho numa das capas de Cidade de Deus)
eu me desculpo,ele diz que não tem de que.
Levanto a cabeça ele me dorme,pow -tiro na goela!

a morena chorará
já você,daê,que me lê
julgarás blefe,aforismo,artemetafórica,piraçãodesconexa,samba.

e só o que imploro é que julgues mesmo o escambau...
empacotem no bom no mau...
e continuem acontencendo sem por culpa
nem em Deus,nem em diabo nem em sábado de sol.
(nem domingo de mel)
Também não cultivando-as ,catarrentas
crepitando no pulmão.
Para dentro do
homem -mentira e pus
para dentro das moças
homem-mentira e pus
homem tira e põe
homem mentira
mentira
viver é um engordar de assombros
sonhar é mergulhar no pus
a morte é nos tornar-mos
pombos torrados num poste de luz.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

churrasco de ibisco


sempre que impossível
querer todo eu desejarei
mais do que inteiro.

vivo em,com,por
música.Mas não
tenho dinheiro pra
pagar arte moderna.

Todos os olhos miram-se
a si mesmos e o fim do
mundo está na gente...
(não tem nada a ver com horóscopo
e sim com corpo)

Grito eureka nas alturas
e já não sei o que foi que
me deram...chovem
crianças defeituosas
de penhascos

aos homens que comem lixo e
as moças que fumam gente
eu desejo um feliz aniversário
aos naturebas churrasco de Ibisco mesmo.

um e outro
um é outro

sábado, 15 de maio de 2010


ecommerccio


eu vendo toalhas pretas.
eu estou vendo toalhas.

eu vendo tapetes belgas.
eu estou vendo tapetes.

eu estou me vendo
eu me vendo

não põe fim nesta
contenda entre o vi
e o vendi.Não esco-
lhas,
admitas!

não se acocore no muro!
não elogie o equilíbrio!
escorregue.


eu vendo o céu
vendo a mão das moças
e vendo nebulosas
vendo brumas,vendo escumas
vendo minutos,calíbres e jorros,
pattafísica.

o espelho (em si) me move
trepo na minha carcunda
manco dançando a ciranda
carcumida e iracunda (em fá)
 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

drizzling veneno



com meus gestos encabulo.

encho o espaço e guincho
os apetrechos da galáxia.Trans-
vejo meus dentes entre os pê-
los do bigode grande que apo
drecem no reflexo da ferrugem
dos meus ossos.

Apodreço Apo
dreço apodreço Apo
líneo apodreço e sou
herói.

era nas matas quentes,

meu suor me pincelando,
era nos temporais de drizizlin veneno
era na época oca
que até hoje me
pinica.
[Era na canela da canjica.]

meus gestos e gritos engravidavam o tempo.
de tempo em tempo uma interjeição
espasmódica!Vários desvarios desviavam
meus leves pêlos eriçados
na perna esquerda a tremer-se.
[temerosos]
Joelho
Mirando o céu como um farol inibido.

"Ái,o encarar constante de minhas pálpebras
pasmas.Ài,o fedor corrupto de me ser.Ái.
Ài,a minha beleza interior funesta.Ái,as ru
gas de minha testa."