sábado, 31 de outubro de 2009

Rimbaud - Presunto e Lirismo...


- NO CABARÉ VERDE-
às cinco horas da tarde.

Oito dias a pé,as botas rasgadas
Nas pedras do caminho : em Charleroi arrio.
- No Cabaré- Verde: pedi umas torradas
Na manteiga e presunto,embora meio frio.

Reconfortado,estendo as pernas sob a mesa
Verde e me ponho a olhar os ingênuos motivos
De uma tapeçaria.-E adorável surpresa,
Quando a moça de peito enorme e olhos vivos

Essa,não há de ser um beijo que a amedronte!
-Sorridente me trás as torradas e um monte
De presunto bem morno,em prato colorido:

Um presunto rosado e branco a que perfuma
Um dente de alho,e um chope enorme,cuja espuma
Um raio vem dourar do sol amortecido.

Outubro de 1870.

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